IMBIRIBEIRA, um livro de toinho castro

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‘Imbiribeira’ é uma narrativa em crônicas e poemas de um Recife muito particular, e que tem no bairro da Imbiribeira seu epicentro afetivo.

É um livro que há anos venho alentando. Vinha sendo escrito de forma dispersa, fragmentária. Alguns trechos apareceram em publicações como a revista pessoa e a revista kuruma’tá. alguns dos poemas no Lendário livro, hoje cada vez mais lendário.Nos últimos meses dessa pandemia/quarentena resolvi me debruçar com mais carinho sobre sua arrumação, alinhavando seus pedaços e dando-lhes sentido narrativo.

Eu queria falar da Imbiribeira, desse Recife que ninguém fala, mas que é vivido pelas gentes. Com suas histórias e mitologias. Mas veja bem que não é um compêndio de curiosidades ou guia de um bairro. É mais um apanhado de memórias, de uma vivência muito particular de um lugar, de uma cidade.

E se não fosse Aderaldo Luciano esse livro não saía. Porque ficou no pé, insistiu, cobrou, abriu caminhos com a editora, a bravíssima Editora Areia Dourada, de Josue Gonçalves De Araujo Do Cordel, e aí não tive saída a não ser finalizar o livro e mandar às prensas!

Talvez seja isso. Talvez eu tenha eternizado Recife numa longa noite, em que tudo aconteceu… o Clube dos Mágicos, o rio arrastando-se sob as pontes, o pontilhão da rede ferroviária cruzando a avenida Sul, o terreno na esquina da minha rua, onde por tantos anos houve somente mato. E eu, criança, fantasiava um reino secreto, escondido naquele terreno, um reino vagaluminoso e inalcançável.


Imbiribeira foi editado em dezembro de 2020, pela Editora Areia Dourada, do parceiro e poeta Josué Araújo.


Leia abaixo o prefácio do poeta Aderaldo Luciano para a obra:

Do Recife, da Imbiribeira

Houve um poeta apelidado Camões no séc. XVIII pernambucano, cambaleando as ruas do Recife e se enfurnando pelas ruas de Olinda. Ninguém de nossa geração declamará um verso seu, talvez nem o conheça pois os próprios contemporâneos dele nada sabiam, a não ser que se chamava Camões e bebia e vociferava versos e encômios. Ninguém soubera-lhe quando nascera, ninguém soube quando, nem como, morreu. Nasceu assombrado e morreu assombrando no velho Recife.

Houve um outro poeta, este, paraibano, arrastando seus pés, com velhas alpercatas, sertanejo assombrado, chegando no Recife no final do séc. XIX. Com mais sorte do que seu antigo colega de letras, escreveu seu nome a partir do sistema de impressão e disseminação poética criado por si: o cordel. Como os dois Camões, o primeiro, autor de Os Lusíadas e o segundo, anônimo recifense, com seus versos feitos na hora, Leandro Gomes de Barros palmilhou a capital, morando em Paulista na Rua do Motocolombó.

O Recife mágico e adornado de romantismo, terra do frevo e do maracatu, firmamento de Bandeiras e de Cabrais, não é o mesmo Recife dos poetas da rua, viventes das ruas, senhores da rua, saindo de Olinda ou Paulista, transeuntes da Ponte do Motocolombó se perdendo nos ares e brumas da Imbiribeira, cortando a cidade norte-sul. Toinho Castro nos oferece essa experiência. Poeta crescendo entre as fronteiras com o Pina, Ipsep, Jiquiá, Afogados e incursões pelo centro velho da cidade e outros territórios mais distantes, pode testemunhar um Recife real, das cheias, das padarias de bairro, das pontes assombradas, dos mistérios de outras canções.

Há muita leveza na alma de Toinho Castro. Ele traz a leveza no traço e na letra. Ele recheia a vida com essa mesma leveza, observando a todo momento, de olho aceso e lente viva, o passo lento e furtivo dos tempos. O Imbiribeira é a prova disso. O testemunho pessoal alcança o testemunho coletivo de um Recife paradoxal. Nascimento do Passo, o codificador dos passos do frevo, criador de sua coreografia, caminha lado a lado com Toinho. Abrindo ferrolhos, rangendo dobradiças, apertando parafusos, cortando a cidade a tesouras ou locomotivas. Imbiribeira é um frevo canção. Às vezes canta a solidão e dá um aperto no peito.

Potiguar de Pernambuco e radicado carioca! Assim define-se Toinho Castro, que nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, mas cresceu no Recife e migrou para o Rio de Janeiro aos 30 anos. Tudo em meio à uma família de poetas, músicos artistas. Além da poesia e da prosa, trabalha com design gráfico, fotografia, vídeo e outras mídias; faz filmes (Viagem a Marte, Avenida Um, Vai, foguete! e outros) e espalha versos por aí. Organizou e participou da coletânea de poemas Lendário Livro, com Aderaldo Luciano, Braulio Tavares, Nonato Gurgel, Numa Ciro e Otto. Toinho também escreve no site da livraria Blooks e em 2019 começou a colaborar com a Revista Pessoa. É editor da Revista Kuruma’tá, que criou com o poeta Aderaldo Luciano.


*Imbiribeira é um topônimo de origem língua tupi calcado no termo ‘mbïra, “madeira”, “pau”, por extensão “bosque”. (Fonte: Wikipédia)

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